terça-feira, 7 de novembro de 2017

A felicidade se encontra no caminho e não na chegada

    A felicidade se encontra no caminho e não na chegada. Durante a vida fazemos planos, temos sonhos e perdemos a vida tentando realiza-los. Quantos sorrisos você já deu hoje? E quantos você já recebeu? O que te faz não aproveitar este dia? O amanhã? Mas amanhã fará de hoje um dia em seu passado, você teve um passado feliz? No futuro você quer ter boas lembranças? Vamos contar um conto novo demais para ser velho, mas que fala de um velho costume que se torna novo a cada dia.

   Quatro jovens se encontram para fazer uma trilha, se arrumam e começam a jornada, 8 km de belas paisagens, estão animados, um pensando se vai conseguir caminhar tanto, outro verifica a bateria da câmera, outro só pensa nas belezas da natureza, o último confere a bolsa e segue caminho. No final da trilha encontraram uma barraca, um lindo lugar, simples e aconchegante, onde um casal de idosos estavam sentados.  Então os jovens se sentaram, e os anfitriões serviram um lanche e começaram a conversar, uma conversa agradável, mas com a experiencia de uma vida, o senhor resolver fazer uma pergunta para eles:

- Gostaram da aventura?
- Sim. - Todos responderam.
- Então me digam o que mais gostaram?

    Nesse momento todos pararam pra refletir e cada um deu uma resposta. O primeiro foi o que iniciou a caminhada pensando se ia conseguir, ele respondeu:
- Não me lembro muito, sei que vi um riacho, uma praia, eu acho, ou era um porto? Sei lá, o importante que eu consegui, estou aqui.
- Você andou pela subida do mirante?
- Não, penso que não, tava cansado demais pra subir, fiquei com medo de passar mal e não terminar a trilha.
- Então você não aproveitou nada do caminho pensando no ponto final. Agora me diga, valeu a pena? 
- Aqui é bonito, mas falta algo.
- Falta sim, falta conhecer todas as outras belezas deste lugar.
- Que massa! Aonde fica? Posso ir? Quero ver as belezas daqui.
- Pode ir sim, é só voltar por onde veio e desta vez aproveitar o caminho.

    O jovem que conferiu as baterias foi o próximo, ele ligou a câmera e foi mostrar ao senhor as belas fotos que tirou:
- Olha aqui que lindo. E essa foto aqui, está perfeita. Veja que mar azul. O senhor está vendo?
- Sim, estou! Mas qual você mais gostou?   
- Eu não sei bem, acho que esta aqui, olha que lindo! - E ele mostra ao senhor mais um foto.
- E o que tem aí neste lugar além do que aparece nesta foto?
    O jovem para e busca na memória, mas tudo o que se lembra é dos momentos e lugares que ele fotografou. Então o senhor perguntou:
- Você tomou banho na bica?
- Não, iria molhar a maquina, como eu iria perder tudo.
- Tudo o quê?
- Toda a história, toda a trilha está salva para sempre aqui, guardarei sempre estas fotos como recordação.
- Recordação de uma trilha que você andou, mas não aproveitou? Você lembrará de algo além do que está nessa maquina?
    Nesse momento o rapaz se tocou que ele se preocupou tanto em juntar recordações que esqueceu de viver o momento.

    Depois foi a vez do que conferiu a bolsa e seguiu caminho. Ele feliz conta com detalhes a trilha que acabou de fazer.
- Fiquei encantado quando vi o mar lá do alto da serra.
- De que serra meu jovem?
- Da serra que tem umas pedras lindas, mas soltas, parecem ser de outro lugar do contraste que elas fazem com o barro. É a serra que termina junto a uma pitombeira.
- Ah, é o que mais?
- A água da bica era muito boa, fria e limpa, refrescou a alma e o corpo.
- Realmente é uma delícia.
- Tirei uma foto, quer ver?
- Você tirou fotos da trilha?
- Sim, mas foram poucas, pois só tirei fotos quando eu estava esperando os outros e já tinha admirado o luar, e mesmo assim voltava a admirar após a foto, as vezes nem tentei tirar, era tao linda a paisagem que não quis deixar de olhar.
- Tem lugarei que nos encantam, sou apaixonado por esta vila deste os meus 20 anos. 
- E quando passei por uma casa antiga que parece abandonada, vi um camaleão camuflado num galho.
- Boa visão a sua. Ali era a casa do primeiro morador da vila, sempre aparece uns repteis por lá.
    A conversa prosseguiu animada, o homem sempre dizendo o nome dos lugares que o jovem o descrevia.

    Depois de uns minutos de conversa, com este terceiro jovem, os outros perceberam que o que estava empolgado não estava ali, começaram a se questionar. Então a senhora falou:
- Ele se animou tanto que não se preparou, ficou com sede e fome, não levou nada e como estava sem foco, se desviou do caminho e se perdeu de vocês. Mas não se preocupem, ele deu sorte,  meu neto o encontrou e o trouxe pra cá, ele está descansando lá dentro. Uma pena que ele perdeu a trilha.

    Que lições podemos tirar deste conto?


         

    

2 comentários:

  1. Boa noite, Gil. Gratidão por compartilhar este belo conto. As pessoas pensam de maneiras diferentes, fazem escolhas diferentes; e quem somos nós para desmerecer as escolhas alheias. Cada jovem se preocupou com algo importante, porém não souberam dosar a medida correta.

    Beijo!

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    Respostas
    1. Obrigado, Leila!
      Fico muito feliz pelo seu comentário e por ter gostado do texto.
      Cada ser é único, mas todos devemos aprender a viver o momento atual.

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O pior é estar preso em liberdade. Prefiro estar livre numa prisão.

   Nada mais melancólico que viver em um mundo de algodão, doce e colorido, frágil como uma folha de seda na chuva, claustrofóbico como um ...