segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Desabafo ou Reflexão?

    Estive essa semana sentado no ônibus e perto de mim se encontravam quatro pessoas, uma feminista, uma racista, um ideologista e um protestantista. Durante a viagem pude ouvir o dialogo entre eles e foi bem interessante. 

    A feminista colocava a culpa de tudo que existe de errado na "sociedade machista opressora", citava exemplos de culturas e povos de lugares ou épocas bem longes da nossa, para ela homem e mulheres devem ter direitos iguais, deste que estes direitos permitam as mulheres a fazerem o que quiserem, mesmo que isso vá contra princípios morais e éticos, contra a convivência e o respeito social, pois isso pra ela seria oprimir os direitos das mulheres e o opressor é sempre o homem, este ser que para ser igual a mulher deverá ter seus direitos sob os delas. Fiquei a perguntar se isso não seria a criação de uma sociedade opressora e ditadora feminista?

    A racista defendia que a cultura negra era dos negros e que o branco a desvalorizava ao usa-la, que negro é qualquer pessoa que possua um traço de origem Africana, como uma curva no lábio superior por exemplo, e que se considera-se negro, ou que tivesse algum descendente negro, não importava tom de pele, que as faculdades publicas são dos brancos e os negros não podem pagar uma particular, que ela era negra e sofria racismo por isso, mesmo ela sendo de pele clara, estudando numa faculdade particular. Ela foi questionada se o fato de uma mulher branca usar turbante não seria uma valorização da cultura negra, sua resposta foi que o branco só usa algo africano para lucrar com o comercio capitalista que escraviza os descendentes do seu povo. Fiquei a pensar se todos os funcionários das empresas capitalistas são negros? Todos os pobres que não entraram numa faculdade e sofrem com o péssimo ensino publico são negros? Que os negros ganham ou compram fora do Brasil tudo relativo a sua cultura? Que estarão valorizando a cultura Africana quando passarem a ignora-la? E onde estão os brancos desse meu Brasil, já que todos temos ao menos um traço e um antepassado negro?

    O ideologista falava em outros países, sempre comparava o Brasil aos países de primeiro mundo, ou que ele achava que eram de primeiro mundo. Para ele o problema do Brasil era não ser igual aos outros, que ele viajou vários cantos do mundo e que o pior lugar que conheceu foi o Brasil, que não existe solução para esse país, que toda a culpa era do povo Brasileiro. Novamente fiquei com perguntas na mente. Porque ele viajou tanto e resolveu ficar no pior lugar que existe? Se aqui não tem solução, então qual o sentido de procurar culpados? Será que esses países não tem problemas, que as guerras são invenções da mídia? Será que a fome e a intolerância com estrangeiros são mentiras que passam na tv?

    O protestantista repetia sempre as mesmas falas, como se elas fossem a resposta adequada a cada problema apresentado pelas outras três pessoas. Para ele todos que não fosse "crentes" iriam pro inferno, que o mundo estava assim por as pessoas não aceitam Cristo, que Cristo logo voltará e todo esse inferno é o anuncio de sua volta. Ele estava salvo, pois não perdia uma oportunidade de pregar a sua palavra dizendo que era a de Deus. Dessa vez as perguntas que me vieram foram as de sempre que escuto algum fanático religioso falando. Será que Cristo ensinou que pregar é julgar ao próximo, é gritar em locais públicos sem se importar com os outros? Os protestantes querem a vinda de Cristo e dizem que a solução é que todos o aceitem, mas se todos os aceitarem ele não virá, então isso não seria uma contrariedade? Se a culpa de todo o mal na terra é não pertencer a uma igreja, então todas as outras crenças estão erradas? 

    Com essas perguntas não quero criticar, muito menos ofender, nenhuma pessoa e nem crença ou ideologia, quero apenas entender como o ser humano consegue julgar tao fácil e entender o próximo de forma tao difícil.

    Vivemos numa sociedade que prega a tolerância e o amor, mas pratica a intolerância, onde o ser humano se sente no direito de julgar o próximo de acordo com pesos e medidas diferentes, criados por ele mesmo . 

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